Confira o teste de uma semana que nós fizemos com o Fiat Fastback Limited Edition.
Já se passaram sete anos desde o começo da forte investida da Fiat em sua repaginada completa no mercado brasileiro, buscando retomar a liderança das vendas e corrigir erros passados com produtos que não emplacaram no país, ou pior, deram prejuízo tanto para a montadora quanto para inúmeros clientes.
O primeiro desses produtos foi o Argo, um hatch compacto que inaugurou a plataforma modular MP-1 projetada exclusivamente para o mercado latino. Deu tão certo que, com o passar dos anos, a arquitetura modular passou por alterações para equipar carros maiores e mais sofisticados.
Um desses modelos é o inédito Fastback, segundo SUV da fabricante italiana no Brasil e segundo SUV-coupé de marca generalista a ser vendido por aqui, pensado para democratizar a moda nascida no mercado de luxo com o X6, da BMW, e elevar o nível dos modelos da Fiat no nosso país.
Nossos amigos do Volta Rápida receberam o Fiat Fastback Limited Edition para a avaliação padrão de uma semana!
Tabelada atualmente em R$ 158.490, trata-se da variante mais cara do SUV-coupé e traz um conjunto mecânico assinado pela divisão esportiva Abarth, indisponível nas mais baratas.
Derivado direto do Pulse, que já testamos nas versões Impetus e Drive 1.3 com câmbio automático, o Fastback também é construído sobre a plataforma MLA, mas com toques da MP-S, usada pelo Cronos, para abrigar a carroceria mais comprida, necessária para criar a silhueta esguia de coupé sem afetar drasticamente o espaço dos passageiros.

O resultado foi um SUV-coupé de porte compacto que é 2 cm mais comprido do que um Jeep Compass (um SUV médio) e que traz um porta-malas digno de sedan, capaz de acomodar 516 litros de bagagem, superando todos os SUVs compactos do Brasil com folga.

Os 600 litros que a Fiat divulga nas suas campanhas de marketing são em um padrão de medição que nenhuma outra montadora usa, por isso, não consideramos válido.
O Fiat Fastback é oferecido em 3 versões.
A de entrada Audace e a intermediária Impetus compartilham o motor 1.0 “Turbo 200” da família GSE/Firefly que estreou no Pulse, capaz de gerar até 130 cv e 20,4 kgfm de potência e torque máximos com etanol, além da mesma transmissão automática do tipo CVT, que também estreou no Pulse e é usada pela Toyota nos Yaris hatch e sedan.
Já o Fiat Fastback Limited Edition apela para o 1.3 “Turbo 270” que estreou no facelift da picape Toro, capaz de gerar até 185 cv e 27,5 kgfm, trabalhando com um câmbio automático convencional de seis marchas.
É o segundo carro mais leve da Stellantis no Brasil a usar esse motor, por isso, a proposta do Limited Edition beira a esportividade – não por acaso, o modelo traz menções ao escorpião da Abarth por todos os lados, apesar de não ter sido totalmente preparado pela divisão como o recém-apresentado Pulse Abarth.

Veja também as avaliações completas que nós fizemos sobre os principais concorrentes do Fiat Fastback 2023 Limited Edition:
- Volkswagen T-Cross – (2019-2023) – Avaliação, review e opinião;
- Chevrolet Tracker G3 (2021 – 2023) – Avaliação, review e opinião;
- Honda HR-V 2023 (G3) – Avaliação, review e opinião;
- Nissan Kicks (2017-2023) – Avaliação, review e opinião;
- Hyundai Creta G2 (2022 – 2023) – Avaliação, review e opinião.
O Fastback traz uma lista considerável de equipamentos de série desde a versão mais barata.
A configuração Audace traz itens como:
- Conjunto ótico totalmente em LEDs;
- Rodas aro 17 diamantadas;
- Ar-condicionado digital;
- Central multimídia com tela de 8,4 polegadas e espelhamento sem fio para smartphones;
- Câmera de ré;
- Sensores traseiros de estacionamento;
- Carregador de smartphones por indução;
- Pacote de assistências semiautônomas com farol alto automático, frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa com correção de direção.
Já o Fiat Fastback Limited Edition, apesar de estar no topo, traz o mesmo nível de equipamentos da intermediária Impetus, diferenciando-se apenas pelo conjunto mecânico.
A lista de itens de série engloba:
- Faróis de neblina em LED com função de luz estática de conversão;
- Rodas aro 18;
- Sensores dianteiros de estacionamento;
- Painel de instrumentos 100% digital;
- Bancos em couro;
- Retrovisores com rebatimento elétrico.
Como opcionais, os serviços integrados do pacote Connect////Me e rodas com acabamento diamantado completam a lista da configuração mais cara. Por padrão, o teto vem sempre em preto brilhante, independentemente da cor da carroceria.
Saiba mais sobre o Fastback Limited Edition neste vídeo:
Por dentro, com exceção de alguns detalhes, o interior do Fastback é o mesmo do Pulse.
As diferenças, além do caimento do teto na traseira, estão nas saídas traseiras de ar-condicionado, que não existem no Pulse, e no console central elevado que abriga dois porta-copos, apoio de braço e os controles do freio eletrônico de estacionamento com função Auto Hold.
No mais, toda a cabine compartilha seus componentes e acabamentos com o Pulse, o que é bom por facilitar eventuais reparos futuros, mas é ruim por frustrar a quem esperava um ambiente mais refinado ou espaçoso.

Apesar do imenso porta-malas, o Fastback traz os mesmos 2,53 m de entre-eixos do Pulse, decepcionando quem desejava um veículo maior para levar a família.
O porte do SUV-coupé engana pelas fotos, pois o comprimento e as grandes rodas aro 18 sugerem se tratar de um carro muito maior do que é, de fato, o que também não ajuda a amenizar a sensação de que a Fiat deveria ter caprichado mais nesse aspecto.

Na pista o carro surpreende bastante, pelo conjunto mecânico poderoso.
O pequeno 1.3 sobrealimentado despeja todo seu torque nas rodas dianteiras já aos 1.750 rpm, o que faz com que o Fastback avance com muita rapidez e esperteza, apoiado com firmeza pelos pneus 215/45 que calçam os aros 18.
Seu rodar chega a ser mais duro do que o cliente Fiat está acostumado, mas é um preço a se pagar para ter um veículo de desempenho acima da média que seja capaz de rodar e fazer curvas sem que nada saia do controle.
Um botão vermelho com o desenho do escorpião da Abarth no volante é responsável por ativar o modo Sport, mas não é preciso usá-lo para extrair todo o potencial do SUV italiano: basta pisar fundo para o câmbio reduzir algumas marchas e a turbina começar a assobiar, deixando a experiência altamente interessante.

Falando em câmbio, ele permite trocas manuais na própria alavanca ou nos paddle-shifters do volante e seu comportamento melhorou bastante em relação a outros carros que o utilizam, porque parou de segurar marchas mais baixas sem necessidade para aproveitar a grande elasticidade do motor e, de quebra, economizar combustível: nossa média geral com gasolina foi de 14 km/l.
Após cerca de 550 km percorridos, as impressões ao volante do Fiat Fastback Limited Edition agradam bastante, mas não são perfeitas.
Tanta semelhança com o Pulse pode atrapalhar a experiência com o SUV-coupé que deveria ter corrigido algumas falhas de acabamento do irmão menor, mas que continuam aparecendo aqui (como o porta-luvas que parece desencaixado e o desalinhamento dos forros de porta com o painel), além do espaço interno que deveria ser melhor em um carro desse tamanho.
Ainda assim, encostando nos 160 mil reais, o Fastback Limited Edition representa um excelente custo-benefício por combinar o ótimo pacote tecnológico a um conjunto mecânico que consegue aliar desempenho e economia como poucos.
O italiano anda mais do que a grande maioria dos rivais, gasta tanto ou até menos do que eles e ainda traz um design que se mostrou, sem exageros, um ímã de olhares por onde passamos.