Os chineses estão correndo contra o tempo para tentar escapar da sobretaxação exigida pelas montadoras instaladas no Brasil para veículos eletrificados, afinal, a medida os afetará diretamente, acabando com os preços vantajosos de seus produtos, como o BYD Song Pro, mediante os rivais quase sempre fabricados no Brasil.
A BYD, por exemplo, não perdeu tempo e trouxe dois novos híbridos quase que ao mesmo tempo: o sedan médio King e o SUV médio Song Pro.
Recentemente, nossos amigos do Volta Rápida tiveram contato com o SUV para conhecê-lo em detalhes e atestar suas qualidades e defeitos. Vale lembrar que ele chegou em duas versões, a de entrada GL e a top de linha GS, com preços que vão de R$195.800 a R$205.800.
Além disso, a marca confirmou que ele será seu primeiro produto fabricado no país, inicialmente em regime SKD/CKD e, em 2025, com produção inteiramente local.
Origem e design
O nome já deixa pistas do que é o Song Pro: um parente próximo do já conhecido Song Plus.
Song, na verdade, refere-se a uma linha de modelos que a BYD trabalha desde 2015 no mercado estrangeiro.
Enquanto o Song Plus foi criado para ser um modelo mais refinado dentro dessa linha, o Song Pro seria a segunda geração do Song original – em relação ao Plus, o Pro traz o mesmo conjunto mecânico e visual próximo tanto por dentro quanto por fora.

Ainda assim, o Song Pro consegue se afastar do irmão mais refinado no design, no porte e na lista de equipamentos.
A dianteira do Song Pro, por exemplo, é mais abrutalhada com um para-choque de linhas mais rebuscadas, faróis com assinatura luminosa em três L invertidos e uma grande porção central em preto brilhante.
Nas laterais, as colunas C trazem um aplique que lembra a peça usada no Yuan Plus e o para-choque traseiro é menos sofisticado.
Conjunto mecânico DM-i: eficiência e performance
Para mover o Song Pro, a BYD utiliza a conhecida arquitetura DM-i que combina um motor 1.5 aspirado a gasolina, de quatro cilindros, a um motor elétrico; o 1.5 gera até 98cv e 12,4kgfm enquanto o elétrico entrega até 197cv e 30,6kgfm.

São até 235cv e 43kgfm de potência e torque combinados, porém, apenas na versão mais cara GS por causa da bateria de maior capacidade. A de entrada GL conta com uma bateria menor e até 223cv.
Equipamentos e autonomia: duas versões, diferentes recursos
São 12,9kWh na bateria da variante GL e 18,3kWh na bateria da GS, o que também afeta a autonomia total e o tempo de 0 a 100km/h que é de 8,3 segundos na versão mais barata e 7,9 segundos na mais cara.
Já a autonomia no modo 100% elétrico, de acordo com o ciclo chinês NEDC, é de 71km na GL e 110km na GS.

Quando passamos para o uso híbrido, a autonomia estimada vai para até 1.100km e o consumo médio declarado pelo INMETRO é de 40,7km/l.
A lista de equipamentos de ambas as configurações é bastante parecida.
O GL já vem de série com recursos como: faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, ar condicionado digital de duas zonas, rodas aro 18 diamantadas, painel de instrumentos 100% digital, central multimídia com tela giratória, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, entre outros.
A GS acrescenta, além da bateria maior, banco do motorista com ajustes elétricos, carregador de smartphones por indução e filtro de partículas para o ar condicionado.
Interior e espaço: conforto e funcionalidade
A que estava disponível para o nosso test-drive era a GS, mais cara, finalizada na cor Azul Atlântida. Já o interior vem sempre na configuração que você vê pelas fotos, misturando tons escuros e claros com detalhes em laranja, detalhes prateados e em preto brilhante.
É um ambiente agradável e bem nivelado para o preço e a categoria do Song Pro, entretanto, a BYD deveria disponibilizar mais opções de configurações como, por exemplo, uma cabine toda em preto para os que não gostam de interiores claros.

O espaço interno é decente, sem sobras ou faltas, e é fácil achar a melhor posição para se dirigir; a única ressalva nesse ponto fica para a coluna de direção que deveria ter ajustes mais amplos.
Com tudo configurado, foi hora de colocar o Song Pro nas ruas e ver como o SUV chinês se comporta – e esse comportamento será quase sempre silencioso, pois o sistema híbrido prioriza o uso do motor elétrico.
O 1.5 aspirado pode auxiliar no movimento, mas a arquitetura do carro prefere deixá-lo como gerador de energia quando necessário.
Experiência ao dirigir: silêncio e agilidade
A partida é absolutamente silenciosa e o BYD Song Pro oferece modos de condução diferentes, mas o interessante é deixar o carro gerenciar tudo sozinho e atuar como um híbrido padrão, priorizando a mobilidade elétrica.
De fato, o SUV médio se movimenta de forma sublime e serena, lembrando os modelos japoneses, mas basta uma pisada com mais vontade para ele avançar depressa, chegando a destracionar rapidamente antes de seguir em frente.
O que não gostamos foi uma certa insensibilidade do pedal do acelerador que se mostrou deveras “fofo”, bem como o ruído do motor 1.5 quando entra em ação, bastante audível do lado de dentro do Song Pro.
Já o comportamento da suspensão agradou por apresentar o equilíbrio correto entre conforto e firmeza, pelo menos nesse primeiro contato urbano; resta saber se o utilitário se comporta da mesma forma em estradas de asfalto ruim.
Quer saber mais sobre o modelo? Assista o vídeo abaixo:
Ausência de itens: potencial de mercado com desafios
Agora, o grande problema do SUV chinês híbrido é a falta de alguns itens que equipam todos os rivais diretos. Assim como o sedan King, o Song Pro não traz teto solar nem como opcional, muito menos as conhecidas assistências semiautônomas de condução
Para quem busca esses recursos, como piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência e coisas do tipo, a única saída é optar pelos rivais.
Mesmo assim, o lançamento da BYD agradou e tem potencial para fazer barulho no segmento. Trata-se de um híbrido plug-in (que suporta recarga por tomada) dos mais baratos do país e com qualidades que todo SUV médio deveria trazer.